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Murais da Divina Comédia

área total 88m² - Colégio Dante Alighieri - São Paulo de 2010 a 2015  

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"Há anos venho ressaltando a importância desse artista único, detentor não só de talento na execução esmerada, mas de conhecimento concentrado, capaz de sintetizar características de diversos mestres do Renascimento Italiano.

Uma visita aos painéis do Colégio Dante Alighieri, por si só, já é uma imersão no mundo de BRONZINO e suas alegorias; de GIOVANNI BELLINI; ANTONELLO DA MESSINA; PERUGINO; de PONTORMO e seus corpos contorcidos; de BOTTICELLI e seus olhares contemplativos; do terror e sofrimento das cenas de ANDREA MANTEGNA, não há como não reconhecer as caveiras interagindo com os corpos em sofrimento de LUCA SIGNORELLI e sua “Resurrezione della Carne”, tudo sob os olhares de anjos celestiais e suas trombetas. 

Ver os painéis de Canato é ir, de uma só vez, a Padova, Firenze, Arezzo, Orvieto, Perugia, Verona, Veneza e Palermo. Não há Roma ou Milano, há Renascimento Italiano puro, na sua própria essência.

Mas, como tudo no Brasil, é preciso vir o reconhecimento primeiro do exterior para, só depois, acordarem para a realidade. Premiado, a Itália já reconhece os painéis do Dante Alighieri como os mais importantes fora do território italiano.

Seria preciso um alto grau de miopia para não enxergar o talento associado à espetacular capacidade de síntese. Digo isso há anos! Orgulho -me não só por ser meu amigo pessoal, mas pelo artista que é".

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                                                                              Pedro Mastrobuono

Presidente na empresa Instituto Alfredo Volpi de Arte Moderna

Presidente na empresa AAMAC

Vice-presidente da Comissão de Direito às Artes na empresa OAB SP

Membro Efetivo da Comissão de Direito Constitucional na empresa OAB SP

Membro Efetivo da COINFRA - Comissão de Infraestrutura,... na empresa OAB SP

Conselheiro na empresa Projeto Leonilson

Membro Consultor da Comissão do Acadêmico de Direito na empresa OAB SP

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Dante Alighieri não intitulou formalmente o poema que conhecemos como Divina Comédia. Ele se refere à própria obra como questa comedìa e la mia comedìa, mais em alusão ao estilo baixo do texto que a um possível título.

Por esse motivo, gosto de pensar que outro título possível seria Visione, “visão”, palavra também usada nos céus do Paraíso para se referir ao conteúdo imaterial de sua viagem. Os versos do poema nos oferecem cenas de tamanha nitidez que vários foram os mestres das artes plásticas que somaram a ela o seu estilo pictórico, quase competindo com a obra de partida. Não custa muito descobrir quem foram esses mestres (Sandro Botticelli, Alessandro Vellutello, Gustave Dorè, Willian Blake, Salvador Dalì, etc.), mas vale destacar que entre esses nomes deve constar o do artista contemporâneo Claudio Canato, em especial pelos seus murais no Colégio Dante Alighieri de São Paulo. Parecendo herdar de Giotto e do Renascimento italiano um estilo que sabe representar o natural por meio do pensamento histórico, somado ao hiper-realismo do século XX e às tão dinâmicas HQs, Canato oferece aos nossos olhos a sua arte com muito daquela mesma “visão” que os versos de Dante já haviam levado à mente dos seus leitores.

Emanuel França de Brito

Professor de Literatura Italiana na Universidade Federal Fluminense

Sobre os murais

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Os murais da Divina Comédia narram o poema épico de Dante Alighieri e ilustram a viagem do poeta pelo Inferno, Purgatório e Paraíso. Neles estão representados os principais personagens dessa história. 

São três painéis cobrindo mais de oitenta metros quadrados das paredes do corredor principal do edifício Leonardo Da Vinci do colégio Dante Alighieri em São Paulo, o que faz dessa obra, uma das maiores no gênero e uma das maiores Divinas Comédias pintadas do mundo.

Interpretar uma obra dessas proporções é tudo o que um artista pode desejar e poder entrar nesse universo e imaginar os lugares criados por Dante foi fascinante. Visualizar esses lugares talvez tenha sido o mais fácil de todo o processo, uma vez que a Comédia é uma obra imagética, e as descrições dos lugares são muito ricas e precisas.

Por se tratar de uma escola o aspecto didático foi levado em consideração o que muito contribuiu para a construção da composição das diversas cenas no sentido de torná-las de fácil entendimento para as crianças, que puderam acompanhá-las desde o nascimento.

A jornada é pontuada pelo próprio poeta, que aparece várias vezes ao longo dos murais. No primeiro o vemos descendo aos Infernos guiado por Virgílio, o maior dos poetas latinos, autor da Eneida, a quem Dante homenageia como seu guia no Inferno e Purgatório. 

Virgílio como pré-cristão está proibido de entrar no Paraíso por não ter sido batizado.

Poder trabalhar no ambiente escolar é uma experiência muito rica e gratificante, a interação dos alunos e professores com o mural dá outra dimensão ao trabalho, que vira literalmente uma ferramenta de ensino. Sinto que meu trabalho deixou de ser meramente contemplado e passou a fazer parte da vida das pessoas e com isso ele cumpre a maior das funções da arte, a de educar. 

No ano de 2018 os murais foram tombados como patrimônio histórico pelo Compresp.

 

Simbologia e significado da viagem

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A viagem é o símbolo da busca interior. Descer aos Infernos equivale a morrer, e subir a montanha do Purgatório, representa o sacrifício, o esforço para renascer purificado no Paraíso.

O poema é uma alegoria dessa jornada, onde nosso poeta reencontra “La diritta via”, ou seja, o bom caminho. No início do poema Dante encontra-se perdido em uma selva escura, símbolo da mente corrompida, e é constantemente ameaçado por três feras que o impedem de sair, são elas: uma onça, um leão e uma loba, que respectivamente representam a incontinência, o orgulho e a traição.

Dante estruturou seu poema harmonizando os números 3 e 10.

O três fazendo referência à Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo e o dez representando a perfeição. As três partes são: Inferno, Purgatório e Paraiso com cada parte dividida espacialmente em 10 círculos do Inferno, 10 cornijas do Purgatório e 10 céus do Paraíso. Cada parte contém 33 cantos que juntos somam 99, mais um que serve de introdução ao Inferno totalizando 100, que seria a perfeição máxima. O número 3 aparece várias vezes na obra, como por exemplo: nos três personagens principais, Dante (o homem), Beatriz (a Fé) e Virgílio (a Razão), nas 3 feras que ameaçam o poeta, Leão, Lobo e a Onça, nas 3 faces de Lúcifer, etc.

O poema foi escrito em “Terza Rima” versos que rimam de três em três. 

São tercetos hendecassílabos que são versos de onze sílabas sendo que a tônica sempre cai na décima sílaba.

 

 

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Estudos

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Processo

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