Processo artístico
O primeiro passo do processo é quando escolho o tema. O estudo aprofundado desse tema permite formar imagens já bastante claras que em seguida são esboçadas no papel.
O próximo passo é a criação da imagem total do painel, um esboço geral sem muito detalhamento, é na verdade a primeira ideia do “corpo” ou do todo do mural. Faço uma série de cálculos de divisão da área a ser pintada, linhas que estruturam a composição da imagem, chamo essas linhas de “linhas mestras”, linhas que organizam geometricamente o espaço pictórico, como por exemplo localizar os centros do painel, suas diagonais e as medidas áureas.
A partir dessa estrutura é iniciada de fato a construção da imagem, já acrescentando alguns detalhes.
“Um mural possui um narrativa que é contada por seus personagens, tem um começo um meio e um fim”.
Faço vários esboços das figuras principais isoladamente, estudo várias posições até encontrar a melhor ou a mais expressiva para cada um dos personagens. Depois de estudadas todas as figuras uma a uma, vou montando a imagem definitiva do projeto.
Meus estudos e projetos na verdade são “pontos de partida” para o trabalho final, o que significa que ao longo do processo muita coisa acontece, as vezes até de forma inesperada, é uma nova ideia que aparece, uma nova posição que é encontrada, enfim, o trabalho é construído durante o “fazer”, e durante todo o processo estou aberto a intuições que vou seguindo, percebendo e modificando. Meu trabalho é como um grande organismo, que vai aos poucos tomando forma e ganhando vida.
Divido o fazer em três etapas: a primeira é a transposição do projeto para a parede.
A preparação da parede é muito importante. Uma boa parede deve estar livre de infiltrações e trincas estruturais. verifico e corrijo qualquer defeito da parede e então aplico camadas de diferentes argamassas, o que chama-se “Imprimação”. Feito isso traço toda a estrutura de composição e começo a desenhar as figuras (ampliadas) na parede usando carvão.
Em seguida, tiro o excesso do carvão e refaço todo o desenho usando tinta cor sanguínea, é o chamado “Bistre”, a esse processo chamo de “Guardar o desenho”, que dessa forma fica registrado definitivamente por baixo das camadas da pintura. Dessa maneira ele pode voltar ao traço original caso venha a perder a figura.
Após feito todo o traçado, Começo a aplicar uma camada de tinta que chamo de “Base”, onde já começo a estudar os volumes anatômicos bem como a luz e a sombra do quadro. A base é a fase intermediária onde a pintura está se formando, nessa fase do processo tudo está sendo analisado e modificado para um melhor resultado o que pode significar a aplicação de várias camadas de tinta. Quando tudo parece satisfatório e no lugar, dou início a última etapa da pintura, o “Acabamento”. Até esse ponto aplico camadas mais espessas de tinta ou empaste, a partir dessa etapa ele começo a intercalar camadas cada vez mais finas de tinta, diluídas em óleo de linhaça, “Velaturas” que vão modificando principalmente a intensidade das cores e as luzes. Aplicando várias camadas até o término do trabalho, dessa forma consigo destacar os principais detalhes da obra e a iluminação de cada figura bem como a iluminação de todo o painel.