CANATO

...É um contínuo posicionamento diante do passado, ao presente e ao futuro... É uma incessante procura de si mesmo que caracteriza a filosofia de Canato e que está explícita num metódico exercício da dúvida sobre a realidade e sobre a existência.

Dentro deste contexto, o artista dedica-se nesta nova fase a uma pesquisa sobre o sacro, buscando na figura do Cristo, menino ou homem, o elo que une o Homem a Deus. Até mesmo suas cenas profanas estão impregnadas de profunda religiosidade.

Os rostos de seus personagens continuam indefinidos, mas respondem visivelmente às exigências interiores de J.C Canato, onde alegrias, dores e dúvidas são transmitidas com eloquência. Parcimonioso na utilização das cores, sai do monocromatismo anterior e consegue projetar em suas figuras, que emergem de fundos escuros, uma luminosidade peculiar, muito a gosto dos mestres do passado. 

Tanto na dramaticidade de certos temas quanto na sublime poesia de outras cenas percebe-se sempre um elã, uma força, uma vibração que arranca o homem de sua condição para elevá-lo às esferas espirituais.